sexta-feira, 6 de maio de 2016

Tempo perdido

Pega o celular pra ver a hora. Responde a mensagem da mãe pra saber que horas vai sair. Olha uns snaps e perde tempo ouvindo alguém te chamar de “gado” e ganhando dinheiro com isso. Finaliza com aquela rodada na timeline que é só pra ver se tem alguma novidade e quando vê já passou uma hora.

“Uma hora, meu Deus! Eu podia ter feito tanta coisa.” E aí começa aquela pressão no peito que te diz apontando todos os dedos pra você “Que inútil!”

Ser sentir inútil é certamente uma das piores coisas. Achar que você não é nada, não faz nada pra ninguém, não contribui para o avanço da sociedade. Mas no fundo ninguém é tão assim. Alguma coisa você faz.

O problema é que viver bem nesse mundo ou você nasce em família rica e curte uma boa herança ou você trate de correr atrás. E, em tanta correria, minutos desperdiçados vendo blogueira postando look do dia ou vendo um vídeo falando sobre meleca é jogar dinheiro fora.

Deveria estar estudando. Deveria estar implorando por um emprego. Deveria estar arrumando o quarto. Deveria estar fazendo malabarismo no sinal. Deveria ter nascido linda e magra pra ser modelo. Deveria. Dever.

Desde que mamãe me concebeu eu já tô cheia de direitos e deveres, inclusive o Código Civil já tava lá dizendo pra era eu só nascer com vida que tava tudo garantido pra mim. Aí cheguei achando que tava abafando, mas no fundo tudo que tinha vinha sempre acompanhado de uma cobrança em ser boa.

Todo mundo quer ser bom. E o esforço em ser nos faz buscar todo santo dia. Mas tem hora que dá preguiça. Tem dia que você acorda querendo ir pra longe. Tem noite que você vai dormir querendo morrer. Tem tanto pra te puxar pra baixo.

Mas quando você deixa bater aquela deprê, sempre aparece alguém, uma frase de jornal, uma matéria na Eliana, um bom amigo espiritual que de alguma forma nos diz “Já parou de sofrer pelo o que perdeu, miga? Vamos agir?”

É. O quanto a gente sofre pelo o que passou e poderíamos ter feito mais? O quanto a gente quase sucumbe nosso estômago de nervoso pelo o que estar por vir? Ansiedade, mal da humanidade.

Continuo sofrendo, tomando omeprazol, tendo mil pensamentos de sair correndo pela ruas e morar em qualquer canto desse mundo, mas não tenho coragem de fugir de mim, dos meus compromissos e da vida que tenho.

Não tenho coragem não por ser medrosinha de viver uma vida sozinha e vendendo minha arte na praia, mentira tenho sim. Mas a verdade é que a cobrança é resultado de se sentir  responsável pelas suas escolhas e é isso que faz desesperar e ao mesmo tempo impulsiona. Doideira.

Dá pra entender? Talvez não. Porque é confuso mesmo. E todo mundo é assim. Cheio de mil coisas por dentro. É que tem gente que acumula pra deixar pra se resolver no fds. Aí no fds tem chopp, futebol, dormir e netflix. Quando se percebe, tá todo embolado, sem achar o fio da meada e fica até com medo de se ver. Então, não espere pra não criar seu próprio monstrinho. 

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