sábado, 19 de novembro de 2011

Crivo

Tanta palavra blasfemada ao vento. Coisas ditas, repetidas, gritadas, aos prantos, sussurros, pensadas, repensadas. Tanto arrependimento, em nós, nos outros. Nos enganamos, iludimos. Não acreditamos nos efeitos que elas podem causar e vamos deixando sair, se esvair. E depois queremos voltar atrás, apagar, deletar, fingir que não escutou, por favor. "Ai, meu bem, não era bem isso". "Mas e o que sinto agora? Guardo no armário pra usar no próximo inverno?".
 Não é fácil lhe dar com nossos sentimentos, que dirá com o dos outros. Temos responsabilidade sim! Bota na conta. Que sofremos as sanções legais, ilegais e sofridas.
Há quem faça de propósito. Há quem diga por costume e não se importa onde isso possa dar. Ou há quem não imagine as consequências. Há quem acredite ou quem transforme o que foi dito só pra soar bem. Há quem, não há ninguém.
"Você é mais que isso" "Sou sim. Eu sei sentir, sou gente. Você no máximo é um ser vivo que não sabe lhe dar com o potencial que tem"
Dói as palavras e o silêncio também. "Nossa, mas você é complicadinha, hein?" "Talvez, depende do ponto de vista. Se você acha que lhe dar com ser humano é ofertar o que tiver, apaga meu número, me exclui de tudo, principalmente da sua vida. Passar bem."
Não pedimos nada. Não mesmo. Só estamos em uma sociedade que é muito acomodada e se dói com tudo. "Não vou mudar por ninguém" "Então fica sozinho, amigo". O que realmente machuca é besteira. Sentimento é baboseira. Carinho também. Mas quando ganha fica que nem um cachorrinho fofinho pedindo mais. É bom, assuma logo de uma vez.
Permita-se mudar pra agradar alguém. Não é transformar na "pessoal ideal", "dos meus sonhos", "que mamãe pediu a Deus". NÃO! LEU BEM? N-Ã-O. É apenas entender que o outro, independente de quem seja, merece o seu melhor, que faça além do esperado, que de uma forma abra mão de algo só pra abrir um sorriso, como for. Que aceite os nossos defeitos, também, oras. Todos temos. Aceitar um pouco de azedo quando tem um pote de doce no fim não é tarefa das mais difíceis.
Não dificulte o fácil, por medo. Porém, não encare o que era mais complicado, como brincadeira. Aprenda a entender o seu redor. Evitar "dar margem ao erro". Perceba.
"Penso com a minha cabeça e depois minha boca fala". Isso era eu aos 6/7 anos. Não deve nos custar passar por um crivo antes de sair falando e falando e para depois desistir de tudo e sumir como se nada tivesse acontecido. Quem nos deu o direito de sair deixando as outras pessoas confusas dessa forma?
Mais paciência e reflexão. Mais verdade, coração. Minha mão, sua mão. Abraços. Menos não, mais sim. Permita-se, permita-se, permita-se.